25.10.11
segure com força o ar. prenda na boca. agarre a memória. tudo vai embora, assim fácil. e eu que pensava em abandonar a segurança do meu lar para me atirar no abismo de possibilidades infinitas do mesmo. do mundo. acabou-se. um passo. dois passos. o caminho mais fácil. o caminho inverso. luz vermelha. paz interior. escuridão. vazio. silencio. perguntas. respostas. estou cansada. mais uma vez assim como antes já estive e estou e estarei. segure com força o ar. segure a vida com as mãos. pelos cabelos. prenda na boca. agarre a memória. os cheiros, as texturas. o sabor e a pressão. a rispidez. a maciez. um passo. dois passos. o caminho mais fácil. e eu vou. não sei bem por que. a maior mentira... de todas.
21.10.11
http://youtu.be/gQvj7BYicB0
16.10.11
congelando
não pensei que passaria por algo assim. eu senti cada músculo do meu corpo congelando. cada parte de mim que eu não me dou conta. a capacidade de aparentar, o disfarce, é algo que funciona na natureza para a sobrevivência. um artificio muito versátil. se sei me ocupar com isso? é uma dúvida imensa.
começou o horário de verão. uma hora a menos em uma noite longa.
é domingo e eu estou no trabalho. um dia frio, cinzento. amarelo e úmido. eu gosto. mas hoje, não muito. eu detesto silencio.
começou o horário de verão. uma hora a menos em uma noite longa.
é domingo e eu estou no trabalho. um dia frio, cinzento. amarelo e úmido. eu gosto. mas hoje, não muito. eu detesto silencio.
3.10.11
o enterrado vivo
É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.
É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
Carlos Drummond de Andrade
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.
É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
Carlos Drummond de Andrade