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11.9.04

I 

encontrei perdido no meu micro... quase não reconheci como meu, me sinto estranha. quem sabe essas palavras traduzam melhor. ou não.

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Um pouco além da janela eu posso observar as casas, elas a mim nada dizem. Não há liberdade de pensamentos, mente que deslize rapidamente por entre tantos egos e sons. Uma dor aguda... minha voz falhando mesmo quando em total desespero pronuncio as palavras mais duras. Granito na contra mão da minha garganta. Saliva apenas como lembrança. Olhos que ardem. Descompasso. Como foi possível suportar por tanto tempo? Não há preparação ou regras. Não há quem faça cumprir qualquer ordem ou ética. Não é sobre moral. Certezas, afinal estou recoberta apenas pela ausência delas. Pelo não-som... que parte de mim, indo em todas as direções como um eco fraco.
Fecho os olhos mas em meu socorro nada vem. Continuam ardendo e me obrigam a me manter observando minha decadência. Não basta mais apenas dançar a seu ritmo, devo incorpora-lo supera-lo e subverte-lo. Profundamente triste. Racionalidade não é um dom.
Movimentos lentos, cadencia natural. Há beleza onde se procura eu diria...
Mesmo quando o grito mais injusto me deixa, não me sobra alivio. E penso : “Será que eles não se dão conta do porque estou gritando?” Mas eu sei as respostas. Caminhando para o nada, sendo absorvida pelo chão esperando, esperando e esperando. Juro que estava empenhada, lutei com todas as minhas forças mas não pude vencer. Não há verdadeira natureza no sofrimento, respostas fáceis ou intrínsecas que venham fomentando de tempos remotos o que se sente. São conseqüências. Com força exagerada talvez, eu acalentei. Usei toda ternura de que era capaz.
Busquei reverter. Busquei forças nas lembranças mais dolorosas, mas a dor não me beneficia. Sim flores podem nascer e sobreviver na merda, sim mesmo pessoas podem enraizar dignidade no lixo. Mas sou fraca... tão cansada de me ver envelhecendo no mesmo lugar. Não fui suficiente. Grandes mãos invisíveis apertando a minha cabeça... eu sinto o perfume da culpa. Não sei onde poderia ter me comportado de maneira diferente. Travo os dentes e aguardo a dor anunciada. Nada me preparou para isso. E eles não percebem, não saberiam como lidar... não saberiam como confrontar minha fragilidade. Não posso fraquejar, me vem a memória uma serie de eventos, sou uma sobrevivente. Mas sobrevida não é o bastante! É tão pouco e tão sujo...
E minhas pretensões apesar de pequenas e banais... São muito para esse mundo.O céu esta morto... belos tons frios para ilustrar meus sentimentos. Eu me perdi. E é uma pena que por meio dessa trágica constatação o tenha perdido também. Talvez eu não me arrisque tanto, talvez ser verdadeira não seja uma boa opção talvez... não sei verdadeiramente o que poderia ter feito. O chão se foi... e agora só me resta aguardar o impacto subseqüente a minha interminável e certeira queda. Por isso continuarei apenas a respirar pausadamente enquanto fecho os olhos sem foco, deixo correr as lagrimas e sem convicção alguma digo a mim mesma palavras de conforto... bem baixinho.

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