<$BlogRSDURL$>

2.1.06

SxPxNx ->SxII 

Como detestamos admitir que nada mais desejaríamos
exceto ser o escravo! Escravo e amo ao mesmo tempo!
Pois até no amor o escravo é sempre o amo sob
disfarce. O homem que precisa conquistar a mulher,
subjugá-la, dobrá-la a sua vontade, formá-la de acordo
com seus desejos não será ele o escravo do seu
escravo? Como é fácil, nessa relação, que a mulher
desequilibre a balança do poder! A mera ameaça de
autodependência por parte da mulher basta para
provocar vertigens no galante déspota. Mas se são
capazes de se atracar violentamente, nada escondendo,
abandonando tudo, se admitem um ao outro a sua
interdependência, não passarão a gozar então de uma
grande e inimaginável liberdade? O homem que admite a
si mesmo que é um covarde já deu um passo para a
superação do seu medo; mas o homem que admite
francamente a todos, que nos pede que reconheçamos
essa sua falha e a aceitemos ao lidar com ele, está a
caminho de se tornar um herói. Um homem desse muitas
vezes se surpreende, quando chega a prova crucial, ao
descibrir que não conhece o medo. tendo perdido o medo
de se encarar como um covarde, ele não o é mais; basta
apenas a demonstração para provar a metamorfose. O
mesmo acontece com o amor. O homem que admite, não só
a si mesmo e aos companheiros, mas por vezes até a
mulher que adora, que pode ser um joguete nas mãos de
uma mulher, que é indefeso com relação ao outro sexo,
geralmente descobre que ele é o mais forte dos dois.
Nada derrota uma mulher mais rapidamente do que a
entrega completa. A mulher está preparada para
resistir, para suportar um cerco; foi treinada para se
comportar assim. Quando não encontra nenhuma
resistência, cai de cabeça na armadilha. Poder dar-se
completamente é a maior luxúria que a vida permite. O
verdadeiro amor só começa no ponto de dissolução. A
vidapessoal se baseia toda na dependência mútua. A
sociedade é um agregado de pessoas, todas
interdependentes. Existe uma outra vida mais rica além
dos limites da sociedade, além do pessoal, mas ninguém
a conhecerá, ninguém a alcançará, sem atravessar
primeiro os altos e baixos da selva pessoal. Para se
tornar o grande amante, o magnetizador e catalisador,
o foco ofuscante e a inspiração do mundo, o indivíduo
precisa primeiro experimentar a sabedoria profunda do
grande idiota. O homem cuja grandeza de coração conduz
a loucura e a ruína é irresistível a mulher. Quanto
aqueles que pedem apenas para ser amados, que buscam
apenas o seus próprio reflexo no espelho, nenhum amor,
por maior que seja, os satisfará. Num mundo tão
faminto de amor, não admira que os homens e mulheres
sejam cegados pelo brilho e fascínio de seus próprios
égos refletidos. Não admira que as rodas esmagadoras
do metrô, embora cortem o corpo em pedaços, não
consigam precipitar o elixir do amor. No prisma
egocêntrico, a vítima indefesa é a muralhada pela
própria luz que ela refrata. O égo morre em sua
própria jaula de vidro...

This page is powered by Blogger. Isn't yours?