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6.3.10

Não consigo encontrar as palavras e nem nomear minha frustração.
Meus olhos estão imensos. Pequenos de cansaço. O sono não vem.
E eu bem que busquei, o procurei em muitas partes.
Recorri aos remedinhos, nada caseiros ou naturais, sem efeito.
Meu melhor calmante, anti-depressivo e sabe-se lá qual outra muleta
sempre foi o sexo. Escape. Mar de delicias, possibilidades sem fim
de exterminar a tensão, deixar a vida melhor.
O único sentido para ela. Assim sempre foi.
Minha cabeça deve pesar uma tonelada e 700 gramas. Ou algo além.
Tinha uma lagartixa perto da janela da cozinha. Quis abraçar as paredes
como ela. Andar até o teto. Precisava de um trago, irmãozinho.
Não vem sendo fácil. Ano ímpar? Porra alguma. Esta meio difícil respirar
e fico me focando em uma imagem repetitiva. Seria lindo. Seria lindo.
Um bom substituto para essa frustração. Essa coisa toda sem nome.
Coroando. Eu costumava ser tão diferente de algumas pessoas, agora não me
reconheço. Não sai mais nenhum som da minha garganta.
Nada me prepara para aquela indiferença.
Costumava ser mais fácil me manter alheia, bem como me identificar.
E agora eu não sei com o que me pareço, com o que me emparelhar...
com o que me ocupar. São questões da juventude.
Peço que respeitem meus cabelos brancos, o branco dos meus olhos.
Meu olhar inédito. Uma vastidão. Perdida em busca de palavras e coisas.
Uma vastidão de sorrisos enferrujados.
Era mais fácil acreditar em fantasias. Na metafísica.
Isso, porém jamais me contemplou... e eu gostaria de poder me contradizer.
Eu gostaria de ser menos como os hipócritas, me vender menos, não possuir
essa clareza, ser ludibriada. Qualquer merda para aliviar.
Qualquer controle, outro que escolha por mim. Outro foco.
Meia hora de tranqüilidade. Mil litros de água gelada.
Algum lugar tremendamente distante de dentro de mim.
E ainda assim dentro de mim. Descrença absoluta é o que me consola.
E faz muito sentido. As pequenas conquistas burguesas não estão submetidas
a nenhuma tênue fantasia. Nunca foi e nunca será fácil.
A ignorância é uma bênção? Você acredita nela? Só na ignorância se encontra
felicidade. Essas são as conseqüências das escolhas.
E eu não calo essa minha boca de merda.
A melhor parte de mim. Muitas vezes.
Vou respirar fundo e tentar novamente.
Me cansa, me desanima profundamente.
Mas não dá.
É assim que é.
Dizem e que eu posso fazer? Encaro sem entender, sem abraçar, vou com a maré.
Vou sabendo, mas sem compartilhar. Senti o sabor no fundo da garganta, quase
no nariz. Meus ombros estão travados e queria aquela calmaria.
Aquela pureza me sussurrando, fazendo conexões e tornando meu pensamento mais
plástico.
E eu poderia queimar, poderia derreter, virar cinzas. Eu poderia ser soprada.
Aspirada. Deixada pra lá. Reze, deseje. Posso ser ainda pior.
Posso ser aquilo que você mais deseja. Ela diz. Eu digo.
Esta tudo aqui. Ou não, já foi.
Segura na minha mão? Se é que ela ainda está aqui.
Estou tão distante.
Ainda e sempre aqui.

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